Encontro do Governo Geral com os Governos dos Organismos Maiores de MICLA: Crônica do dia 3 de dezembro

Dez 4, 2019 | MICLA

O segundo dia da reunião começa com a oração das Laudes no marco da memória de São Francisco Xavier. O momento espiritual foi animado pelos membros do Governo Provincial dos EUA-Canadá, e diferentes partes da liturgia foram em espanhol e inglês. Após o café da manhã, começamos o dia de hoje com a moderação do irmão Carlos Verga que imediatamente convida a ler a crônica do dia anterior e refletir sobre os níveis individual e de grupo, sobre as lições aprendidas no último dia, que se recolheu nas expressões diversidade, sinodalidade, podar a vinha [1] e interculturalidade.

Após esta introdução, começamos a contemplar o que acontece em nossos organismos. A dinâmica que se seguiu foi a apresentação de cada um dos organismos, a cada duas exposições houve um momento de silêncio para trazer ao coração as ressonâncias que este trabalho provocou. A ordem de apresentação foi a seguinte: 1) San José del Sur, 2) Peru-Bolívia, 3) Brasil, 4) Colômbia Oriental-Equador, 5) Colômbia-Venezuela, 6) América Central, 7) Antilhas, 8) México, 9) EUA-Canadá.

No compartir dos organismos, descobrimos que as visitas generalícias e periciais foram um espaço de revitalização missionária e de comunhão congregacional, embora muitos claretianos esperassem compartilhar mais tempo com os visitadores. Na maioria dos organismos, há um enriquecimento com a presença de irmãos de outras culturas, o compromisso com a pastoral vocacional e a vivência dos processos de formação a partir dos processos de transformação do recente Capítulo Geral, a entrega missionária de muitos claretianos e a alegria pela vocação recebida, a experiência natural da missão compartilhada e a fecundidade e a criatividade missionária em vários apostolados em todo o continente. Da mesma forma, em todos os organismos existem planos de desenvolvimento econômico e financeiro que desafiam a comunhão de bens para as necessidades da missão, a informação contábil e a legistação dos países. No entanto, existe uma preocupação com a falta de pessoal nos organismos, algumas atitudes de pouca disponibilidade missionária para ir a locais missionários de vanguarda e a falta de novas posições missionárias. Também os organismos compartilharam possíveis desafios que podemos enfrentar juntos em nosso contexto como Missionários Claretianos da América. Este momento de contemplar o que acontece em nossos organismos concluiu com um diálogo em pequenos grupos sobre o que foi encontrado em comum com os organismos.

À tarde, o Pe. Ignacio Madera Vargas, SDS nos acompanhou sobre o tema Contexto Sociopolítico e Eclesial do Continente. O Pe. Madera nos pede que expressemos em uma frase ou palavra a realidade, a vida religiosa e a Igreja nos países onde estamos. Depois de ouvir nossas respostas, ele nos apresenta alguns elementos da realidade, como a polarização, a cidadania cansada da destruição do ecossistema, a injustiça gerada pelas estruturas de pecado. Do exposto, nos propõe como desafios a vida fraterna desde a diversidade, buscar e propor alternativas para as comunidades populares, através da análise de mecanismos que nos permitem entender a realidade, descobrir a contribuição da teologia latino-americana para a teologia em geral, na recuperação da opção pelos pobres e na mediação das ciências sociais críticas.

Também por meio de um tópico intitulado quebra de paradigmas, convida a vida religiosa a radicalizar o chamado de Jesus a partir da proposta evangélica, a construção de um modelo comunitário de vida semelhante ao das comunidades cristãs primitivas, com a capacidade de ajudar outras pessoas a serem autênticas, passar de comunidades autárquicas a comunidades que demonstram unidade na diversidade, entusiarmar-nos com a missão e o carisma de nossa comunidade. Nos lembra que seguimos o Crucificado que mantém sua confiança no Pai, renuncia a qualquer reivindicação de sucesso e não rastreia as estruturas da sociedade, somos chamados a uma vida religiosa alegre e a descobrir o valor dos diferentes sujeitos minoritários.

O Pe. Ignacio Madera, em sua conclusão, nos desafia a viver a vida religiosa com realismo e maturidade, não a viver na adolescência ou com o complexo de Peter Pan, para não sermos decrépitos, mas sermos sábios; superar a mentalidade do cristianismo e a autorreferencialidade, construir novos processos de formação permanente, que especialize os religiosos para caminhar com o povo, que forme o povo para evitar o clericalismo e viver como religioso uma verdadeira interculturalidade.

No final do dia de trabalho, o Ir. Carlos Verga convida o grupo a compartilhar sobre a caminhada da reunião e como nos sentimos. As intervenções dos participantes da reunião focaram nos seguintes aspectos: 1) Vale a pena refletir sobre a realidade do continente. Como nos pronunciamos? Como queremos viver a vocação claretiana? Como nos posicionamos no momento em que estamos vivendo? Como a sociedade da cultura líquida permeia nossa resposta como missionários nessa realidade? 2) Os espaços de compartilhamento de organismos e do horizonte da vida religiosa nos questionam como congregação e como MICLA. 3) Como a Igreja e a congregação estamos ouvindo e deixando falar os que reivindicam seus direitos? 4) É pertinente tomar uma decisão radical em nossa missão a partir da realidade do continente e ouvir as vozes dos destinatários pelos quais optamos. 5) Mover-nos na dialética da globalização e da localização, não ter medo de nos diferenciar e manter-nos fiéis à unidade congregacional. Após as interpelações dos participantes, fomos convidados a elaborar nossa própria síntese e o Pe. Geral nos convida a refletir sobre que tipo de presença o Senhor nos pede neste momento.

A Eucaristia foi presidida pelo Pe. José Sanchez e a homilia pelo Pe. Rosendo Urrabazo, que enfatizou o tema da alegria, em nível pessoal, no Filho de Deus e nos Claretianos.

 

Darío Alonso Carvajal Aranda, cmf

Cronista

 

[1] O Pe. Geral expressou em sua saudação inicial que América, a Vinha Jovem para Claret, depois de 150 anos, é uma vinha adulta, e daí a expressão “podar a vinha” para que dê melhores frutos.

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